sábado, 27 de agosto de 2011

Um Hamster no PC

Existem vários [até diria muitos] programas que convertem livros digitais para diversos arquivos que podem ser lidos em dispositivos e plataformas diferentes. Em geral são gratuitos, como o Hamster, que nos depara com uma agradável surpresa.

Apresenta uma interface minimalista [bom, eu acho agradável isso], que nos leva à conversão de um arquivo original a vários outros, em só tres simples passos: vc carrega o[s] arquivo[s] que quer converter / vale arrastar e soltar ou pode abrir pelo programa; escolhe o arquivo de saída ou a plataforma onde quer usá-lo, e manda fazer.


O processamento é rápido –em termos- dependendo, claro, do tamanho dos arquivos processados e do computador usado. Na imagem embaixo, um detalhe de um pdf convertido em ePub, visualizado no "Visualizador de eBooks" ou "eBook Viewer" que vem junto na instalação de um programa que veremos em outra ocasião. Se trata do 'calibre', que também é 'uma mão na roda'.

Um detalhe que vamos aprendendo, é a conveniência de criar uma capa em arq.imagem –como jpg ou outro. Nenhum dos programas que estou testando consegue manter a edição original de uma capa, ou página de rosto, feita em programa de texto.

Também o arquivo a ser convertido não deveria conter números de página, que só atrapalham, pois o resultado é uma folha contínua, como voltando aos ‘rolos’ antigos feitos de papiro e outros materiais. Também é conveniente não hifenizar, sendo que os tracinhos aparecem fora de lugar nos textos convertidos. Lembre que o tamanho e o tipo de fonte pode ser mudado pelo usuário, o que pede outros parâmetros de formatação.

O único probleminha que me deparei é que o programa mudou o lugar de uma imagem, deixando-a fora de contexto. Não consegui corrigir esse erro.

O pior do Hamster é que ele instala, tipo ‘compra casadinha’, um programa de zipar arquivos. Em sua primeira utilização não funcionou, indicando que o arquivo estava danificado; mas o WinRar deu conta do recado sem stress. Este ‘Free Zip Arquiver’ pode ser removido normalmente pelo Windows.


O arquivo mostrado pelo Visualizador é o mesmo que pode ver na página "e-Edição", acessada na Barra acima.

Ainda vale advertir que não é possível converter diretamente um arquivo .doc ou .docx. Primeiro este deve ser convertido em pdf, para depois ser passado a Lit, ePub, xhtml5, ou outros.

A Favor do Livro Eletrônico


Vantagem ecológica:
Deixamos as árvores em paz, pois não precisamos de sua matéria pra fazer papel.

Espaço:
Milhares de livros cabem em um espaço mínimo.

Baixos custos:
Poupança do gasto em papel, impressão, distribuição, entre outros.

Acesso imediato:
Desde qualquer lugar do planeta, através da internet.
Criou e está na rede!

Facilita a seleção e disponibilidade de títulos:
Não existem mais os conceitos de “livro fora de catálogo” e “estoque acabado”.

Busca eletrônica:
Facilita achar termos e conteúdos dentro de um mesmo livro.

Conecções de conteúdo:
Graças ao hipertexto é possível conectar com diversas bases de dados.

Visualização:
O leitor pode adaptar a visualização a seu próprio gosto, diminuindo, aumentando ou mudando as fontes.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

LIVROS ARTESANAIS ATRAVÉS DE EDITORAS COLETIVAS

Ontem decidi recomeçar com o projeto inicial deste blog, interrompido por causas que estavam me desviando da ideia original.
São oito postagens consecutivas, divididas de um texto de 6 páginas A4.
Posso enviar PDF a quem pedir.

Modelo Editorial Colaborativo
  
O Modelo Editorial Colaborativo é uma forma coletiva
de fazer e distribuir livros
dentro da lógica de cooperação mútua.

EDITORAS CONVENCIONAIS


A função de uma editora é confeccionar o livro-objeto e distribuí-lo aos possíveis leitores. Usando um modelo de negócios que se baseia na produção em massa de um mesmo objeto, as editoras normalmente fazem livros em tiragens de 3.000 até 30 mil exemplares. Não é lucrativo optar por tiragens muito baixas, já que as editoras usam métodos de Impressão Offset, cujos custos só tornam-se viáveis a partir de 2000 unidades.

Acontece que o livro não é um bem de aceitação previsível, no que é comum as editoras ter prejuízos razoáveis com devoluções, já que a maioria das compras são feitas em regime de consignação. Desta forma, os autores desconhecidos são deixados de lado, em prol dos já consagrados (que possuem mais chances de sucesso nas vendas, pois possuem público cativo), além do que as perdas com os títulos de aceitação ruim são repartidas entre os de melhores vendagens, elevando os preços de todos.

Dentre as muitas conseqüências deste tipo de modelo podem ser mencionadas:

* Dificuldades de acesso dos autores desconhecidos ao mercado, pela relutância das editoras em arriscar um nome novo e pelo custo alto da publicação independente.

* Alto custo dos livros como um todo, chegando a ser proibitivo.

* Pouca personalização do produto acabado.

* Conteúdo generalizado, que não foca as necessidades reais do leitor, mas as características comuns de um grupo muito grande de pessoas.

DISTRIBUIÇÃO


A distribuição do Produto Cultural  reproduzido em forma de livro é assunto que complica ainda mais a situação do escritor. Aqui no Brasil temos ters empresas de distribuição que tomam conta do mercado. Para um escritor independente, que publicou por conta própria, é impossível participar [se beneficiar] desses canais de distribuição.

Como consequência, tem que achar forma de de vender seu produto pessoalmente. Seu mercado é reduzido a suas relações pessoais imediatas, ou pouco mais do que isso. Uma tiragem pequena, mínima, de 1.000 exemplares pode demorar anos para ser repassada a leitores e dificilmente sequer retorna os custos.

Difícil mesmo é achar uma livraria que aceite expor e vender livros de autores independentes, além de clara e aberta discriminação do autor desconhecido, até a exigência de código de barras no exemplar, não faltam desculpas esfarrapadas que afastam e impedem os autores de contatar o público consumidor interessado em seus produtos.

No momento não existe uma rota de distribuição que facilite a vida dos escritores independentes. Uma iniciativa dirigida a democratizar a reprodução de obras literárias, tem que ser completada com a construção de uma rede de distribuição que possa dar suporte ao escoamento desta produção incrementada.

MODELO EDITORIAL COLABORATIVO


Confeccionar um livro em casa é tão simples e barato, que não precisamos de indústrias para fazê-lo com qualidade. Se unirmos pessoas que sabem fazer livros, distribuídas geograficamente, podemos fazer tudo o que uma editora faz e ainda conseguir muitas vantagens, como inclusão social e conteúdo personalizado.

Partindo do pressuposto de que existam pessoas espalhadas pelo país que sabem encadernar, e que existam escritores interessados em público, a única coisa que devemos fazer é criar uma forma de intercâmbio entre estas pessoas, e entre elas e os leitores.

Uma editora colaborativa é um conceito, não uma instituição.
Assim, não existe apenas uma única forma de associar-se para fazê-la existir.

A idéia básica é que os escritores criem conteúdo, repassem para os encadernadores, e estes, confeccionando o livro-objeto de forma artesanal o enviam ao leitor, diretamente ou a través de uma organização de distribuição relacionada na estrutura.

Basta então criar a estrutura que permitirá esta união, ou seja, o elo que permitirá:

* Que o leitor possa solicitar os livros que quer ler, pagando um preço justo por ele.

* Que o encadernador tenha acesso à obra do autor, de forma que possa imprimi-la e enviá-la ao leitor, recebendo sua parte pelo trabalho exercido.

* Que autor e encadernador possam criar uma relação sadia de cooperação, onde o autor escreve e envia seus livros para os encadernadores, e recebe sua parte a título de direitos autorais.

O processo é simples: o cliente solicita o livro, o encadernador o recebe no formato bruto do autor, imprime, encaderna e envia ao leitor. O leitor paga, e o montante é então repartido entre autor e encadernador.

Em estruturas mais complexas ou maiores, é adequado organizar a distribuição em forma ‘separada’, formando um tripé organizado, encarregado de fazer chegar o produto final ao público em geral.

CONFECÇÃO ARTESANAL DE LIVROS


A encadernação de um livro, no formato tradicional, pode ser feita simplesmente prendendo as folhas e passando cola. O material pode ser impresso por computador em impressoras laser (melhor resultado), ou simplesmente a partir de fotocópias de um original (pior resultado).
Os processadores de texto tradicionais, como OpenOffice.org e Microsoft Word estão preparadas para fazer o trabalho de editoração no computador, sem maiores problemas.

O procedimento é simples:

1) O autor cria o conteúdo;

2) O texto é digitado e arrumado via processador de texto;

3) O material é impresso em impressora laser ou jato de tinta;
    fotocópia tb serve, ainda que não é coisa muito boa;

4) As folhas são cortadas, via tesoura (pior resultado),
    estilete e régua (resultado razoável)
    ou guilhotina (excelente);

5) As páginas são separadas em cadernos, que são costurados e colados com cola branca extra;

6) A capa é impressa e colada no conjunto.

O custo é acessível.
Alem de um computador com impressora laser [de preferência], as ferramentas básicas para começar a encadernar são simples e baratas. Começar a estabelecer uma ‘Oficina de Encadernação’ tem custo baixíssimo, podendo nem chegar aos R$ 20,00 / 25,00, além do material de consumo para fazer as primeiras publicações.

O mais importante é que neste método o custo por exemplar é "plano", ou seja, tanto faz um ou um milhão de exemplares, que o custo final é o mesmo.
Desta forma, pode-se criar livro a livro, dando margem para extrema personalização do material.

VANTAGENS DE UM MODELO DISTRIBUÍDO POR DEMANDA


Já que os livros são feitos um a um, existem diversas vantagens neste modelo:

* Não há necessidade de estoque, e não há risco de encalhe, pois a produção pode ser feita por demanda.

* Já que o risco é baixo (só fabrica o que será ou já está vendido) o custo torna-se acessível para qualquer um, ou seja: livros mais baratos para o consumidor.

* Alta personalização do exemplar, podendo inclusive capas e conteúdo ser personalizados.

* Cada nova impressão pode corrigir erros, modificar conteúdo, agregar ou tirar matéria.

* Investimento pequeno.

* Modelo mais inclusivo de produção do material.

* Os participantes estão junto da comunidade (moram onde comercializam), fazem parte dela e sabem quais suas necessidades, podendo supri-la em termos de informação.
Isso, além da venda pela internet.

SUGESTÕES DE FUNCIONAMENTO

* Catálogos: produza um catálogo com as obras dos autores. Deve conter no mínimo o título da obra, o nome do autor, uma breve descrição e forma de contato.

Em anexo segue uma lista de encadernadores, contendo os preços de encadernação por página, os preços das capas, formas de pagamento, contato, área que atende.

Uma breve descrição de como funciona o serviço pode ser acrescentada, para que os leitores não tenham dúvidas de como comprar.

* Feiras: um exemplar de cada livro é exposto em banca ou stands, ou em cartazes afixados pelo local. O leitor escolhe o livro e ali mesmo fecha as negociações.

A forma de encontrar os encadernadores deve ser acertada previamente, e pode ser através de indicação do autor, em um local específico da feira ou outro.

Importante que o processo seja o mais rápido e desburocratizado possível, para que o cliente não fique chateado com o atendimento.

* Internet: um site de comércio eletrônico, contendo um espaço para contatar o autor e um espaço para contatar os encadernadores.

Opcionalmente, de incluir um espaço para publicação de e-books [com diversos tipos de arquivos], que assume cada vez mais importância com os tablets, celulares e outras formas de leitura da mídia eletrônica.

É necessária uma ferramenta de busca de obras e de encadernadores.
O cliente simplesmente acessa a página, usa a ferramenta de busca para encontrar o livro, e depois para encontrar os encadernadores mais próximos de sua residência.

Os negócios podem se consolidar por e-mail, através de ferramentas disponíveis no site, como os sistemas ‘pagseguro’ e ‘paypal’. Estes sistemas permitem o depósito do pagamento em diversas contas, separando as partes de um e outro participante, diretamente, evitando maior burocracia e despesas administrativas.

A entrega é feita por correios ou outro sistema de entregas qualquer, no caso dos produtos analógicos [papel impresso].
Existe programa que envia automaticamente o arquivo eletrônico para o comprador na hora de efetuar o pagamento.

* Trocas: Os autores trocam obras entre si e vendem cada qual a obra do outro em sua região, em um sistema pró-cooperativo.

Os pagamentos de direitos autorais são acertados previamente entre as partes.

* Associação formal: Os autores institucionalizam uma parceria formando uma ong, associação ou cooperativa, e negociam através desta com pontos de venda a distribuição do livro, podendo ou não criar um selo próprio.

DIREITOS AUTORAIS


Este assunto proporciona muito pano para muita manga e é de interesse e importância fundamental para todo produtor cultural [não só escritores]. Embaixo segue uma exposição que tenta adaptar uma forma pela qual possam ser dribladas formas não adequadas às formas e intenções de autores contemporâneos, fazendo parte de estruturas organizacionais diferenciadas. 
Em caso nenhum o texto pretende ser palavra final neste abrangente e ‘espinhudo’ tema.

É fato que a tecnologia evolui, mas as formas de interagir com ela não acompanham esta evolução; um modelo novo requer novas formas de uso, que tendem a surgir com o tempo.

Dentro da perspectiva de distribuição coletiva os mecanismos tradicionais de proteção e licenciamento de direitos autorais não são eficientes, porque foram criados para funcionar num contexto de editoras tradicionais.

A tradição nos ensina a criar e utilizar meios de controle a fim de assegurar interesses. No entanto, quando tratamos de modelos com alta independência entre si, distribuídos geograficamente numa área abrangente, as formas tradicionais tornam-se custosas, quando não impossíveis, totalmente inadequadas.

Não é tão fácil fiscalizar o que um encadernador está fazendo quando se encontra a quilômetros de distância do autor. Ao invés disto, é aconselhável utilizar novas técnicas de licenciamento ou novas estruturas de arrecadação.

O Software livre nos presenteou com um modelo de trabalho coletivo revolucionário ao permitir que pessoas com mentalidades diferentes trabalhassem juntas, quando ao mesmo tempo garantia a manutenção dos interesses individuais e protegia a resultante contra apropriação indevida. A partir de então toda a produção intelectual pôde ficar a disposição da humanidade, sem correr o risco de tornar-se novamente propriedade privada. Isto significou a radicalização do conceito de Domínio Público, e elevou o trabalho a um outro estágio de coletividade.

Produtos criados sob a lógica de livre distribuição e comércio (como as licenciadas sob Gnu-Fdl ou algumas variações da Creative Commons) não necessitam de estruturas que protejam os direitos autorais.

Há, no entanto, um grupo significativo de autores que preferem ganhar pelo seu trabalho, no mínimo quando o uso da obra envolve algum tipo de lucro. É o caso, por exemplo, dos autores que licenciam em copyright (qualquer cópia requer autorização e pagamento ao autor, independente do objetivo) e no copyleft tradicional (onde o usuário pode copiar sem pedir autorização ao autor, desde que sem fins lucrativos). Nestes casos, é necessário criar novas formas de ganhar pela obra ou fontes arrecadadoras que garantam o pagamento dos direitos autorais e fiscalizem o uso da obra em uma determinada área geográfica.

Uma saída para o autor não precisar se preocupar com a quantidade de cópias seria licenciar suas obras baseando-se nos modelos de franquia: a licença é concedida a um valor fixo por período (tarifa plana, independente da quantidade de vendas) para um grupo seleto de parceiros, que detêm exclusividade de comércio para uma determinada área geográfica.

Isto permite a cobrança de taxas e facilita a fiscalização, uma vez que apenas poucos empreendimentos ou indivíduos terão direitos de comercializar os trabalhos. Estes, por sua vez, fazem o policiamento da obra dentro de suas áreas, e trabalham para inibir o uso não autorizado.

Nos casos em que o autor prefere cobrar pelo livro vendido uma sugestão é utilizar as instituições que representam a classe, como associações de autores e academias de letras dos municípios, ou outros tipos de organização adequados às necessidades e expectativas de grupos pontuais.

O modelo de funcionamento geral poderia ser assim:

1. A entidade de classe age como fonte arrecadadora, e se responsabiliza por fiscalizar o uso das obras dentro de sua área de atuação.

2. O autor fecha contrato com a entidade, e a entidade licencia a obra para os encadernadores.

3. A entidade arrecadadora utiliza uma marca nos livros, que pode ser um selo de autenticidade ou nos casos mais simples um carimbo com assinatura na folha de rosto.

4. Nenhum encadernador poderá imprimir um livro licenciado para a entidade sem que exista uma marca indicando a permissão (obviamente, os livros que não estão licenciados à entidade não se aplicam a esta regra).

5. Quando houver solicitação do cliente, o encadernador solicita à entidade arrecadadora uma quantidade de livros e recebe a marca (selo de autenticidade ou outro) para cada um deles. Os direitos autorais são pagos no ato e a entidade repassa os valores conforme acertado com o autor.

6. O encadernador então poderá imprimir e comercializar os livros, inserindo a marca de autenticidade para comprovar que os direitos do autor foram pagos.

A vantagem deste tipo de estrutura é que é descentralizada, e pode inclusive policiar o uso da obra em outras instâncias, como, por exemplo, exigindo a inscrição "Distribuição Gratuita" para obras em copyleft que não tenham fim comercial, coibindo modificações em obras livres, mas com esta restrição etc.

Outra vantagem é que autores de qualquer lugar do país podem ter uma forma confiável de negociar seus livros, com total liberdade de escolher a licença de uso, tendo a garantia de que receberão os valores devidos sem prejudicar os direitos de livre cópia e/ou comércio quando for o caso.



O site do qual foi extraído grande parte deste texto
 – que sofreu diversas modificações e ampliações –
já não existe, não foi possível achá-lo, depois de uns 5 anos.


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15/8/2011
São Carlos - SP